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  • Foto do escritorSocial Ideias

Ações reais de valorização nunca foram tão necessárias

Quem é mulher sabe que no 8M aparecem, todo ano, os mais bizarros closes errados sobre ser mulher e o nosso papel na sociedade e no mundo do trabalho. É quase que um acordar no dia 8 de março e esperar pra esbarrar nos piores posts de empresas de grande valor e instituições renomadas que acreditam estar nos celebrando.


Um “case” que virou exemplo nacional do que não fazer é esse da foto, em que uma prefeitura colocou cílios em alguns semáforos da cidade. Mas exemplos não faltam. Vão desde cartões que nos agradecem por tornarmos o ambiente de trabalho mais bonito (como se fosse essa a função de uma mulher) até mimos relacionados à estética.


Seja através de símbolos que reforçam estereótipos machistas — como cílios, batons e rosas — seja com mensagens e ações vazias de sentido que acabam por expor ainda mais as contradições de quem as promove, os micos corporativos seguem registrados. Outro bem famoso é do McDonalds, que em 2018 prestou uma homenagem às avessas à força das mulheres, dispensando os homens e operando lanchonetes com equipe 100% feminina. Pra quê dar folga pra quem tem jornada dupla ou tripla, não é mesmo?


Hoje, as mulheres representam 44% da força de trabalho brasileira, de acordo do Dieese. Apesar de praticamente igualada à força masculina, o salário não chega perto do deles. Mulheres ainda recebem em média 21% a menos que funcionários homens. Com esses dados na mesa, fica óbvio que discurso vazio e presentes é o que menos precisamos. A verdadeira necessidade é de falar sobre a realidade, de transformá-la.


Não dá pra pensar o Dia da Mulher como uma data “pra aproveitar” ou “pra fazer um card”. A sociedade não aceita mais isso. O momento pede reflexão e mudanças. Quais ações de fato seu negócio ou instituição tem feito pelas mulheres? Qual a conexão real com comunidades e grupos, para cumprir quais propósitos? Igualdade salarial? Combate ao assédio? Investimento em educação e capacitação? Redução das desigualdades?


Pensar ações a curto e longo prazo que tragam mais conforto e segurança para a atuação das mulheres em espaços que elas já ocupam, incluir mais mulheres em ambientes que ainda lhes são negados, apostar em projetos que ajudem a modificar a cultura do machismo ainda tão presente na nossa sociedade, enxergar e trazer para o alto iniciativas nesse sentido que já existem, ser apoio e abrir portas para que mulheres consigam alcançar os lugares de igualdade pelos quais lutam desde que o mundo é mundo.


Essas ideias não são concretizadas do dia para a noite e nem surgem no começo de março, quando as ações do “mês da mulher” costumam ser pensadas às pressas. Há inúmeras maneiras pelas quais empresas e instituições podem e devem contribuir por um mundo mais justo para mulheres. Mas só se for pra gerar transformações reais. Do contrário, melhor deixar os cílios e flores guardados e economizar dinheiro e reputação (e a paciência das mulheres).





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