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"Ganha quem se importa" Projetos sérios precisam incluir ESG de verdade

A onda do ESG bateu no Brasil há algum tempo e a cada ano as empresas parecem mais preocupadas em atender a essa cartilha ou, pelo menos, a demonstrar ao mercado e a investidores estarem seguindo.



ESG, a grosso modo, significa uma série de compromissos que fazem uma instituição ser considerada “do bem”, ou seja, ser vista como uma corporação que causa impacto positivo no planeta e na sociedade ao mesmo tempo em que faz negócios e lucra. As boas práticas incluem as áreas ambiental, social e de governança, esta última mais relacionada aos processos institucionais e à transparência.


Porém, o entendimento sobre essa necessidade já se espalhou tanto entre gestores e gestoras que, para parte das empresas, passou a ser mais um “check” marcado numa lista de tarefas com o intuito de serem vistas como organizações decentes e viáveis para parcerias de negócios. Em outras palavras, tem muita empresa estampando empenho em praticar ESG, mas, no fundo, não fazendo nada a respeito.


Um exemplo recente disso são as vinícolas gaúchas condenadas por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão. Não existe nada menos ético, social e humanamente correto do que isso, certo? Certo. Mas é só entrar no site de qualquer uma delas para ver no mínimo uma página inteira sobre como aplicam estratégias de ESG internamente. Algumas têm até certificações atestando as medidas.


O que torna, então, uma cultura empresarial verdadeiramente alinhada com as práticas de ESG? Para refletir sobre isso, é interessante voltar à origem da sigla, em 2004, cunhada em um relatório do Pacto Global, da ONU, em parceria com o Banco Mundial. A publicação se chamava “Who Cares Wins”, ou seja, algo como “Ganha quem se importa”.


“Se importar” significa carregar a cultura do respeito ao meio ambiente e às pessoas desde o cerne da organização. E se essa essência não existir, começar o quanto antes a modificá-la porque é isso que torna um lugar realmente cumpridor das boas práticas corporativas, tão exigidas pela sociedade e pelo mercado. Precisa ser enraizado e precisa ter trabalho, mudança e observação constantes.


É ir muito além da gestão adequada de resíduos, do cumprimento das práticas trabalhistas mínimas, da independência do conselho empresarial. É utilizar a empresa como agente mitigador da crise climática, é fazer investimento social real, é combater a corrupção internamente. O ESG não pode se transformar no novo greenwashing ações vazias sustentadas apenas por marketing e não por atitudes verdadeiras.


Vivemos em um nível de acesso e compartilhamento de informação que permite que todos os consumidores possam fiscalizar organizações sempre que possível. Por isso, a imagem de uma empresa precisa reverberar o que acontece em sua realidade. Com ESG de verdade, ganha a instituição, ganha a sociedade, ganha o planeta.


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